sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ate Já


Os sonhos não são reais.
Deves estar a pensar que toda a gente sabe isso. Pelos vistos eu não sabia o que a maioria sabe, talvez porque a maioria nunca sentiu nada como eu senti.
Senti. O sentimento pelo qual eu acreditava e pelo qual eu jurava morrer… foi-se. Aquilo que cresceu em mim secou e foi cortado pois já não fazia sentido sentir um sonho, sentir uma ilusão, uma realidade que não era a minha. A realidade é esta: Acordei na realidade. As palavras já não abundam em mim como dantes. Aquilo que eu tinha desapareceu e levou as palavras que haviam em mim.
É engraçado. Quando escrevia tudo aquilo que escrevi sentia-me feliz, realizado, cheio de coisas boas e importantes para gritar ao mundo e agora já não sai nada de feliz, não sai nada realizado e acima de tudo estou vazio. Sentia-me especial por ter talvez um dom que a maioria das pessoas não tem. “Consegues pôr no papel os sentimentos que muitas vezes queremos dizer mas não conseguimos”. Isso agora faz parte do passado. Já não sou “o”, sou só mais um. Sou igual a todos os outros. Perdi o gosto para a escrita.
Vejo-o todos os dias este sentimento a que nós damos tanto valor. Vejo-o todos os dias a minha volta quer seja na rua, no metro, no autocarro, no barco… em todo o sítio em que ponho os meus pés ele está lá. Toda a gente tem um alguém. Toda a gente troca segredos, confidências e inconfidências, amores, carícias, beijos. Toda a gente ama mesmo que o amor seja pouco. Toda a gente encontra aquilo que procura e não procura.
Este coração, o meu coração, vai pôr uns dias, semanas, meses ou até mesmo anos de férias. Vou ‘hibernar’, deixar ele estar um pouco frio, um pouco quieto.
Vou armar-me em cubinho de gelo e esperar que um dia alguém me consiga derreter.
Este não e um final feliz. Não, decididamente que não. Mas também não é um final.
Até já.